Início > Artigos > Como o Aquecimento Global Está Redesenhando a Sobrevivência Animal em 2024

Como o Aquecimento Global Está Redesenhando a Sobrevivência Animal em 2024

Picture of Desbravando Universo
Desbravando Universo
aquecimento global

As mudanças climáticas têm causado impactos visíveis em todo o planeta, afetando não apenas os ecossistemas, mas também as espécies que neles habitam. Em 2024, os sinais são ainda mais alarmantes. Desde padrões migratórios alterados até extinções locais, e animais enfrentando desafios crescentes para sobreviver em um mundo em aquecimento

Luta pela Sobrevivência dos Ursos-Polares

Um estudo recente publicado na revista científica Nature revelou uma adaptação preocupante em ursos-polares, causada pelo aquecimento global. Durante três semanas de pesquisa, esses animais perderam cerca de dois quilos por dia enquanto procuravam alimento, uma consequência direta da falta de gelo no Ártico. Antes, os ursos descansavam enquanto esperavam a formação do gelo, mas agora são forçados a percorrer maiores distâncias para caçar.

Esse cenário reflete uma crise que afeta particularmente as regiões polares — Ártico e Antártica. O Ártico, em especial, está aquecendo mais rápido do que o restante do planeta, o que ameaça a sobrevivência de espécies carnívoras terrestres como os ursos-polares.

Urso polar isolado em um placa de gelo
Yandex Images – Urso polar isolado em um placa de gelo

O Papel Humano no Aquecimento Global

De acordo com Micael Amore Cecchini, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, a atividade humana é a principal responsável pelo aquecimento global. Ele explica que o aumento das emissões de gases como o dióxido de carbono altera a composição química do ar, intensificando o efeito estufa.

“Qualquer corpo com temperatura acima do zero absoluto perde calor por radiação. Quando a radiação infravermelha interage com gases que a absorvem, como o dióxido de carbono, parte dessa energia é enviada de volta à superfície, gerando aquecimento”, detalha Cecchini. Esse processo aumenta as temperaturas globais e contribui para o degelo nas calotas polares.

Degelo e o Ciclo de Retroalimentação do Aquecimento

O professor também alerta para a forma como o aquecimento global modula os ciclos naturais do clima, exacerbando extremos como secas, chuvas intensas e ondas de calor. Com o derretimento do gelo polar, ocorre um efeito de retroalimentação:

  • Menos gelo significa menos radiação solar refletida. O gelo reflete a maior parte da radiação solar devido à sua cor branca. Com menos gelo, mais energia é absorvida pela superfície terrestre, acelerando ainda mais o derretimento.
  • Mistura de águas doces e salgadas. O degelo altera a salinidade dos oceanos, impactando diretamente as espécies marinhas que dependem de condições específicas de salinidade e temperatura.

Impacto nos Animais e na Cadeia Alimentar

Tercio Ambrizzi, também professor do IAG-USP, destaca que o aquecimento global está alterando a biodiversidade de forma significativa. Esse fenômeno acelera a extinção de espécies e afeta animais de diferentes portes. Abaixo, exploramos alguns exemplos marcantes:

  • Pinguins na Antártica: Enfrentam grandes desafios na Antártica devido ao derretimento do gelo, especialmente os da espécie-de-adélia. A retração das plataformas de gelo não só reduz suas áreas de reprodução, mas também afeta o krill, base de sua dieta, cujas populações estão diminuindo com o aquecimento dos mares. Com menos alimento disponível, os pinguins precisam se deslocar por distâncias maiores, gastando mais energia e colocando em risco sua sobrevivência.
Pinguim-de-adélia.
Yandex Images – Pinguim-de-adélia.
  • Ursos-polares no Ártico: Um dos maiores símbolos do impacto das mudanças climáticas. Com o derretimento acelerado do gelo marinho no Ártico, esses animais enfrentam grandes dificuldades para caçar focas, sua principal fonte de alimento. Além disso, a redução da cobertura de gelo os obriga a nadar e caminhar por longas distâncias, comprometendo sua saúde, reprodução e longevidade. Como resultado, há um aumento da mortalidade causado por exaustão e fome.
  • Corais e o branqueamento em massa: Os recifes de corais, lar de milhares de espécies marinhas, sofrem com o aumento da temperatura dos oceanos. Esse aquecimento provoca o fenômeno conhecido como branqueamento, no qual os corais perdem suas algas simbióticas e, consequentemente, sua cor e saúde. Por exemplo, o ano de 2024 registrou episódios graves em áreas como a Grande Barreira de Corais, impactando peixes e invertebrados que dependem desses habitats para sobreviver.
coral vivo e branqueamento do coral
Yandex Images – à esquerda coral vivo / à direita branqueamento do coral

Desequilíbrios ecológicos e a necessidade de ação imediata

Essas alterações também geram desequilíbrios na cadeia alimentar. No caso dos ursos-polares, a diminuição de sua população pode levar a um aumento na quantidade de focas. Consequentemente, essas focas predam mais peixes, afetando toda a dinâmica do ecossistema marinho.

Portanto, para evitar colapsos ecológicos, é essencial reduzir as emissões de gases do efeito estufa e implementar estratégias de conservação de habitats. A situação de 2024 deixa claro que as ações humanas estão moldando o futuro do planeta e que a resposta precisa ser imediata para preservar a riqueza da vida na Terra.

Compartilhe

Picture of Desbravando Universo
Desbravando Universo
Redator Oficial do blog Desbravando Universo!