Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, reacendeu tensões globais ao ameaçar os países do Brics com tarifas de 100% caso o bloco decida substituir o dólar como moeda oficial em suas transações internas. A declaração, feita no sábado (30), durante publicação na Truth Social, reflete a preocupação dos EUA com a independência financeira do Brics, composto atualmente por dez países.
O que está em jogo no embate entre Trump e o Brics
O Brics, bloco que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e recentemente expandido com a entrada de Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos, busca maneiras de reduzir sua dependência do dólar em negociações internacionais. Propostas para criar moedas alternativas ou utilizar moedas locais nos pagamentos internos têm ganhado força.
Trump, por outro lado, deixou claro que não tolerará movimentos que enfraqueçam o dólar. Ele afirmou que os países do bloco devem desistir de qualquer iniciativa nesse sentido ou enfrentarão “tarifas de 100%” sobre seus produtos nos EUA.
O papel do Brasil no futuro do Brics
Com o Brasil assumindo a presidência rotativa do Brics em 2025, o país terá um papel central na articulação das novas diretrizes do bloco. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já declarou apoio à criação de meios alternativos de pagamento que reduzam o uso do dólar. Essa abordagem inclui o fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento, presidido por Dilma Rousseff, e a priorização de mecanismos de compensação entre moedas locais.
A independência financeira do bloco é vista como estratégica para os países membros, mas a pressão dos EUA poderá influenciar os rumos dessa política.
Impactos econômicos e geopolíticos
A ameaça de tarifas significativas pode atingir em cheio as economias dos países do Brics, principalmente os mais dependentes do mercado norte-americano. No entanto, especialistas apontam que a medida também seria prejudicial para os Estados Unidos, ao encarecer produtos importados e desestabilizar parcerias comerciais.
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Além disso, o avanço do Brics em direção à independência financeira poderia inspirar outros blocos ou países a adotarem estratégias semelhantes, aumentando o isolamento do dólar como moeda global.
As declarações de Trump expõem as fragilidades das relações comerciais e geopolíticas entre os EUA e o Brics. A tentativa do bloco de reduzir sua dependência do dólar representa uma ameaça direta ao status da moeda americana como referência global.
Com o Brasil na liderança do Brics em 2025, o cenário promete intensificar debates e decisões que podem remodelar o comércio internacional. O mundo observará de perto os próximos capítulos dessa disputa, que vai além de questões econômicas e reflete mudanças significativas no equilíbrio de poder global.