A Coreia do Sul está no centro das atenções internacionais após um episódio turbulento envolvendo a declaração e a rápida revogação da lei marcial pelo presidente Yoon Suk Yeol. O evento, que ocorreu na noite de terça-feira, abalou a política interna do país e gerou reações globais imediatas, destacando assim os desafios enfrentados por um dos principais aliados dos Estados Unidos na Ásia.
O que levou à declaração de lei marcial?
Em um pronunciamento inesperado transmitido ao vivo, o presidente Yoon justificou a medida alegando a necessidade de proteger a ordem constitucional de “forças antiestatais pró-Coreia do Norte”. No entanto, a declaração não apontou ameaças específicas, o que gerou dúvidas sobre a real motivação por trás da decisão. A ação incluiu a proibição de atividades políticas e a censura à mídia, medidas que remontam aos períodos mais autoritários da história da Coreia do Sul.
A reação rápida do parlamento e da sociedade
A resposta ao decreto foi imediata. Em uma sessão extraordinária, o parlamento aprovou uma moção para derrubar a lei marcial, com apoio unânime dos 190 deputados presentes, incluindo membros do partido governista. Do lado de fora, manifestantes enfrentaram as forças de segurança enquanto clamavam pela renúncia de Yoon.
Esse movimento lembra os protestos em massa que levaram ao impeachment da ex-presidente Park Geun-hye em 2017. Grupos cívicos e trabalhistas organizaram vigílias à luz de velas no centro de Seul, reforçando o sentimento de rejeição à medida presidencial.
Impactos diplomáticos e econômicos
A crise política também repercutiu no cenário internacional. Os Estados Unidos, principal aliado da Coreia do Sul, expressaram “séria preocupação” e adiaram reuniões do Grupo Consultivo Nuclear e exercícios militares conjuntos. Além disso, países como Japão e Suécia cancelaram compromissos diplomáticos com Seul.
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No mercado financeiro, o índice KOSPI caiu 1,4%, e grandes empresas sul-coreanas, como a LG e a Naver, recomendaram que seus funcionários trabalhassem de casa. Enquanto isso, as vendas de produtos básicos, como macarrão instantâneo e água engarrafada, dispararam, refletindo o clima de incerteza.
O futuro de Yoon Suk Yeol na presidência
O episódio intensificou as críticas à liderança de Yoon, que já enfrentava índices de aprovação baixos e acusações de autoritarismo. Seis partidos de oposição apresentaram um pedido formal de impeachment, e a votação deve ocorrer nos próximos dias. Caso aprovado, o processo seguirá para o Tribunal Constitucional, que decidirá o destino político do presidente.
Uma democracia sob teste
A Coreia do Sul enfrenta um dos maiores desafios de sua história recente. Após décadas de regimes autoritários, a tentativa de Yoon de impor a lei marcial é vista como um retrocesso. A rápida reação do parlamento e da sociedade, no entanto, destaca o compromisso do país com os princípios democráticos.