A Síria, localizada no coração do Oriente Médio, continua a ser um palco de conflitos intensos que têm moldado sua história recente. A palavra “Síria” aparece frequentemente nos noticiários, mas entender o que está acontecendo exige uma visão clara do contexto atual.
O histórico do conflito
A guerra civil síria teve início em 2011, como parte dos movimentos da Primavera Árabe, que varreram o Oriente Médio e o Norte da África. Manifestantes pró-democracia saíram às ruas exigindo reformas e a renúncia do presidente Bashar al-Assad, cuja família governa a Síria desde 1971. O governo respondeu com repressão brutal, transformando protestos pacíficos em um conflito armado.
A oposição armada, formada inicialmente por pequenas milícias e desertores do exército sírio, cresceu rapidamente. No entanto, essas forças eram altamente fragmentadas, unidas apenas pelo objetivo de derrubar Assad.
A guerra atraiu potências regionais e globais: países como Turquia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Estados Unidos ofereceram apoio a diferentes facções rebeldes. Em contraste, o governo sírio contou com a ajuda militar direta da Rússia e do Irã, além do Hezbollah libanês, que enviou tropas para o front.
O conflito foi agravado pela ascensão de grupos jihadistas, como o ISIS (Estado Islâmico), que se aproveitaram do caos para ganhar território. Isso forçou uma coalizão internacional, liderada pelos EUA, a intervir para conter o avanço extremista, mas sem confrontar diretamente o regime sírio.
Com o tempo, as batalhas devastaram cidades inteiras, causaram mais de 300 mil mortes e criaram uma crise humanitária sem precedentes, com milhões de refugiados fugindo do país.
O reacender da violência
A recente onda de violência na Síria reflete a complexidade e a persistência do conflito. Em novembro de 2024, uma nova coalizão rebelde, autodenominada “Comando de Operações Militares”, realizou um ataque surpresa em Aleppo, a segunda maior cidade do país. Este avanço é significativo porque marca o primeiro grande movimento de forças rebeldes em oito anos, após um longo período de estagnação.
A ofensiva inicial capturou vilarejos e áreas suburbanas em Aleppo, enfrentando pouca resistência. Analistas sugerem que os rebeldes aproveitaram a fraqueza do governo sírio, cujos aliados enfrentam desafios em outros cenários globais. A Rússia, principal suporte militar de Assad, está profundamente envolvida na guerra da Ucrânia, enquanto o Irã lida com frequentes ataques israelenses e instabilidade doméstica.
Os rebeldes incluem uma aliança diversa: o grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), uma antiga ramificação da Al-Qaeda, facções apoiadas pela Turquia e outros grupos anteriormente vinculados aos EUA. Essa coalizão busca reconquistar territórios perdidos e se opõe ao controle governamental em áreas estratégicas como Aleppo.
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Em resposta, forças aéreas russas e sírias intensificaram ataques nas províncias de Aleppo e Idlib, reacendendo o ciclo de destruição e violência.
Este novo capítulo no conflito destaca a instabilidade crônica na Síria, onde décadas de guerra deixaram um legado de divisões políticas, destruição econômica e sofrimento humano. O futuro do país permanece incerto, com nenhum dos lados mostrando disposição para ceder.