A baleia-bicuda-de-bahamonde, considerada a mais rara do mundo, tornou-se o foco de um estudo extraordinário na Nova Zelândia. Pesquisadores documentaram apenas sete animais dessa espécie enigmática, e nunca observaram um vivo. Recentemente, encontraram uma baleia de cinco metros morta na costa sul do país.
Este achado representa uma oportunidade única para os cientistas explorarem detalhes até então desconhecidos sobre sua anatomia, comportamento e ecologia. Desde os ano 1800, a ciência conseguiu documentar apenas seis exemplares da espécie. Em 1874, pesquisadores registraram o primeiro achado, quando encontraram uma mandíbula inferior e dois dentes nas Ilhas Chatham, na Nova Zelândia.
“As baleias-bicudas-de-bahamonde são uma das espécies de mamíferos de grande porte menos conhecidas dos tempos modernos. Desde 1800, apenas seis amostras foram documentadas em todo o mundo, e todas – exceto uma – eram da Nova Zelândia”, afirmou Gabe Davies, gerente de operações do departamento de conservação.
A descoberta de uma raridade
Em julho de 2024, retiraram a baleia-bicuda-de-bahamonde da praia e a armazenaram em um freezer especial para preservar seu corpo intacto. Em seguida, uma equipe interdisciplinar levou o animal a um centro de pesquisa em Dunedin e iniciou a dissecação. Este processo minucioso permitirá análises detalhadas de sua dieta, produção de som e possíveis parasitas exclusivos da espécie.
Anton van Helden, um especialista com mais de 35 anos de experiência no estudo de baleias-de-bico, classificou o evento como “inacreditável”. Ele afirmou que nunca antes havia participado de um estudo tão abrangente dessa espécie rara.
Baleia-bicuda-de-bahamonde: um mistério científico
Os mistérios em torno da baleia-bicuda-de-bahamonde são vastos:
- Hábitat desconhecido: Não se sabe onde vivem essas baleias nas profundezas oceânicas.
- Comportamento enigmático: Nunca foram vistas vivas, dificultando estudos sobre sua interação com o ambiente.
- Fisiologia única: Cientistas ainda desconhecem detalhes sobre sua digestão e sistema de comunicação.
Além disso, as limitações tecnológicas e culturais impediram o estudo adequado dos poucos animais dessa espécie encontrados no passado.
A colaboração com os Māori
A dissecação deste espécime é realizada em parceria com os Māori, povo indígena da Nova Zelândia. Para eles, as baleias são consideradas taonga (tesouros preciosos), e este trabalho respeita profundamente suas tradições. Além disso, a equipe científica realiza cerimônias, como karakias (orações), e consulta os Māori em todas as etapas do estudo.
Após a análise, a tribo iwi local preservará o maxilar e os dentes da baleia, enquanto exibirá o esqueleto em um museu com o auxílio de réplicas feitas por impressão 3D.
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O impacto da pesquisa na conservação da baleia-bicuda-de-bahamonde
A pesquisa não só contribui para desvendar os mistérios dessa espécie como também ajuda a compreender melhor os ecossistemas oceânicos. Acredita-se que a baleia-bicuda-de-bahamonde habite as áreas mais profundas do Pacífico Sul, regiões ainda pouco exploradas.
Joy Reidenberg, anatomista da Icahn School of Medicine, destacou que a compreensão da fisiologia desse animal pode fornecer insights aplicáveis à ciência médica humana.
Além disso, o estudo reforça a importância de preservar espécies raras e seus habitats, especialmente diante dos desafios ambientais globais.
Este evento extraordinário prova que, mesmo nas profundezas desconhecidas dos oceanos, encontramos tesouros esperando para revelar seus segredos. A baleia-bicuda-de-bahamonde continua a intrigar, mas agora começamos a escrever um pouco de sua história.
